O tempo jamais se alia
A terra, lugar ou pessoa.
Não distingue assim de pronto
O sábio, o estúpido, o ninguém.
Não há, contudo, crueldade
Nesse cru modo de ser.
Mas não somos pacientes
Compassivos, sinceros, crentes
Temos metas, temos medos
Temos mesmo o que não vemos
E, porém, acusadores,
Apontamos tempo e horas
Como perversos e frios.
Há engano ao se pensar
Que nossas culpas são leves
Nossos atos, magnânimos
Nossas mentes, puras, virgens.
Assim como o tempo é
Também são nossos desejos
Que jamais saciarão
Nossas fomes e vontades.
Improvável que alcancemos
Nirvanas, céus, paraísos
Se temos mãos sempre sujas
Se temos pés que não voam
Se temos corpos inertes.
Ocupamos tempo e espaço
No indiferente universo
Indiferentes planetas
Luzes, luas, céu, estrelas.
Nascemos não-naturais
E não-naturais seguiremos.
Poesia hospedada a pedido do autor
Procedência: Caraguatatuba-SP
Autor: Eliseu Leal