Navio negreiro, que flutuas no oceano…
A caminho da América pesaroso em teu seio,
Vestido de negrume és incólume cargueiro
De escravos humilhados, exilados e profanos.
Covardes escravocratas, imundos traficantes…
Que conduzem a negraria sem destino e sem porte,
Humildes negróides entregues à própria sorte,
Infelizes algemados destas dores sois amantes.
Negros africanos, fugitivos são do próprio destino…
És vitima deste negreiro que transporta sofrimento
Do necrófago oceano, torturado e quase morto!
Sepultado sobre as águas sem piedade e sem respeito.
Entre os livros vasculhados, sublinhados e sem glória…
Esquecidos na estante, escrevinhados nesta história!
Por sua pele cor negrume, e cabelo esdrúxulo!
Falso júri de vaidade notória
Ignoram o testemunho de um negro sem memória.
Poesia hospedada a pedido do autor
Procedência: Itaquaquecetuba -SP
Autor: Marcelo Henrique Zacarelli