O sol já descera por trás da colina…
A sombra da noite, vencendo a campina,
Entrando na mata, correndo apressada,
Parou de repente e, sem dizer nada,
Vestiu-se de luto, manchou-se de sangue,
Cobrindo co’as asas a tribo Kaingang…
Eu vi no seu jeito, eu vi nos seus traços:
A noite não era de danças e passos…
Cessaram os gritos, cessou o rumor,
Apenas soava o som de um tambor…
Chorava uma tribo seu jovem cacique,
Ao som do atabaque, ao som do repique…
Deitado na rede, esperando o amanhã,
O chefe Kaingang, Cacique Kretã,
Dormindo pra sempre seu sono de morte,
Trazia em seu corpo as marcas da sorte,
Que a tribo tivera na mais dura guerra,
Na luta c’os brancos, na posse da terra…
Na noite mais triste que teve o sertão,
Eu vi pais e filhos de dor soluçar,
Eu vi minha tribo inteira a chorar,
Eu vi meu cacique à terra baixar,
Porém, o meu povo… não vi se entregar!
Quem viu nessa noite, quem viu os meus prantos,
Não viu – com certeza – os meus desencantos:
Um chefe guerreiro que desce ao jazigo,
Um pouco da terra carrega consigo!
Autor: Elizeu Petrelli de Vitor