Nascido no campo,
Criado na roça,
Vivendo contente
Na pobre palhoça,
Não fui nada mais
Que um pobre colono,
Que andava pensando,
Que andava sonhando,
Sonhando ser dono
De um palmo de chão…
Na velha fazenda,
Fui rei, fui senhor…
E os donos da terra
Me davam valor,
Mas eu tinha a fé
Guardada no peito:
Quem sabe, algum dia,
Eu mesmo seria
O dono de um eito,
De um palmo de chão…
O tempo passou
E eu vi, foi com dor,
Chegar o progresso,
Montando um trator,
Cortando essas terras,
Fazendo poeira…
Ao ver meu roçado
Debaixo do arado,
Senti que eu perdera
Meu palmo de chão…
Meu Deus, que tristeza!
Meu Deus, que saudade!
Deixei o meu campo
E fui pra cidade…
Sem casa e sem terra,
Passei até fome:
Se tenho um patrão,
É o braço, é a mão,
Perdi até o nome:
Eu sou bóia-fria!
Autor: Elizeu Petrelli de Vitor