À beira da estrada que vai pro sertão,
Coberta de arbusto, de hera e cipó,
Na borda da mata, plantada no chão,
Desponta uma cruz tão triste, tão só,
Fazendo contraste à alegre paisagem,
Impondo mistério à rude paragem…
Na estrada sombria que vai pro sertão,
Erguida sozinha, coberta de arbusto,
Não há nenhum crente, nem mesmo um pagão,
Que ao ver essa cruz, não trema de susto…
Não há caminheiro, que estando a passar,
Não lance pra ela, cismando, um olhar…
Não tem essa cruz, não tem a seu pé,
Sequer um sinal, nenhuma pegada
De alguém que atendesse aos apelos da fé,
De alguém que saísse do leito da estrada,
Buscando fazer – quem sabe – uma prece
À cruz que se cala, à cruz que emudece…
Ao ver essa cruz, tão rude e selvagem,
Perdida em silêncio, lembrando ao andante
Que a morte é o final da grande viagem,
Parei pra pensar na vida um instante:
Caí de joelhos e fiz minha prece
À cruz que se cala, à cruz que emudece!
Autor: Elizeu Petrelli de Vitor