Um dia desses, queimando o lixo amontoado,
Que estava ao pé de um velho Cedro em meu quintal,
Ao chegar perto do seu tronco enrugado,
Ouvi uma história como nunca ouvira igual…
Os homens dizem que as árvores não falam,
Mas a verdade é diferente para mim!
Tenho certeza que as plantas não se calam,
Porque aquele pé de Cedro disse assim:
Por que ateias o teu fogo bem em mim,
Se, em dias de sol eu dou-te sombra, dou-te alento?
Foi pra servir que neste mundo um dia eu vim,
Mas muitos acham que eu não tenho sentimento!
De pé, eu sou a marca de um ecossistema
Mas, derrubado, não sou mais que boa madeira,
Em teu quintal sou uma coroa, um diadema,
De toda a forma eu te acompanho a vida inteira!
Eu sou o berço em que repousa teu filhinho,
Eu sou o leito onde à noite tu descansas,
Eu sou a placa que indica o teu caminho,
Eu sou a cruz onde tu pões as esperanças!
Eu sou a mesa onde comes o teu pão,
Eu sou o banco onde podes assentar,
Sou o assoalho que protege o teu chão,
Sou as paredes da tua casa, do teu lar!
Eu sou as vigas que sustentam teu telhado…
E, quando a morte então quiser levar-te ao chão,
Terás em mim o teu abrigo assegurado:
Eu posso ser o teu esquife, o teu caixão!
Autor: Elizeu Petrelli de Vitor