Como se fosse uma grande trovoada,
Dessas que surgem quando chega o mês de agosto,
Ouvi ao longe o ecoar da derrubada
E a natureza soluçando de desgosto…
Chegando perto, vi uma cena comovente:
Com aparência de um campo de batalha,
Imensos troncos, debruçados como gente,
Na terra nua, esperando uma mortalha!
Velhos ipês, enormes cedros e palmeiras
Se amontoavam, estendidos pelo chão,
Grandes perobas, gurucaias e figueiras
Cruzavam os galhos, como quem se dá as mãos…
Era o adeus final desses bravos guerreiros
Que, lado a lado, haviam lutado pela vida
E, finalmente, se dobravam aos machadeiros,
Numa batalha desde o início já perdida!
Igual à virgem que se entrega ao seu senhor,
Do manto verde se despia a terra nua,
Violentada pelo instinto do agressor,
Para gerar um novo ser na entranha sua…
E, quando as chuvas castigaram o sertão,
Depois que a mata havia sido destruída,
Ali nasceu, ali cresceu uma erosão,
Fruto maldito de uma terra agredida!
E foi assim que a natureza se vingou
Da ambição que muita gente traz consigo:
O homem está colhendo aquilo que plantou,
A mesma terra que dá o pão dá o castigo!
Autor: Elizeu Petrelli de Vitor