Canta, passarinho! Canta!
Rogava a menina, em pranto.
E o passarinho, no ninho,
não soltava mais seu canto.
Pula passarinho! Pula!
Soluçando ela pedia.
E o passarinho, inerte,
na gaiola, só dormia..
“Ave Maria, cheia de graças”
olhava o céu, implorando,
com uma lágrima brilhante
no seu rostinho rolando
Ah! se houvesse um milagre
para eu ver você voar.
Eu seria tão feliz!
Dizia a menina, a chorar.
Canta, passarinho! Canta!
Agoniada, ela pedia.
E o passarinho, quietinho,
pra eternidade dormia..
Com os olhos marejados,
o enterrou no seu quintal.
E uma flor, bem perfumada,
lá deixou como sinal.
A menina, entristecida,
não comia, não dormia.
Seu amigo inseparável,
Carregou toda alegria.
E, nos seus sonhos de inocente,
Tão formosa quanto uma santa,
Ela falava desacordada:
Canta, passarinho, canta!
Poesia hospedada a pedido do autor
Procedência: São Paulo – SP.
Autor: José Pedreira da Cruz