Com cantar frenético e pomposa algazarra,
Como se a floresta promovesse uma farra,
A passarada anuncia a madrugada…
Bem ao longe, da rolinha o gemer dolente,
E da araponga ressoa o malhar plangente,
Nas alvíssaras de uma nova alvorada…
Restos de névoa espalhados sobre a terra,
Um sol vermelho surgindo por entre a serra,
O amanhecer numa grande explosão de festa…
Uma noite a mais se despede em agonia:
É o milagre de nascer mais um novo dia,
E, em harmonia, tudo forma uma linda orquestra…
Como por encanto um novo dia reluz,
Já descortinando as montanhas altaneiras…
E a natureza, numa explosão de luz,
Faz miríades de florinhas eclodir…
Voam os céleres, rutilantes colibris,
Nos paredões de exuberantes cachoeiras…
Os sabiás, em melodia lá na mata,
Entoam um hino de louvor junto à cascata…
Alguns segundos, e o astro-rei aquece a terra…
No esconderijo se abriga a onça na floresta,
Multicor, a arara sua beleza empresta,
E a choupana integra a paisagem junto à serra…
Na palhoça, um fio de fumo corta o espaço,
Quando o caboclo humilde, simples, pés descalços,
Abnegado e grato, se entrega em oração…
O camponês, enfático, a manter o rito,
Fervorosamente a Deus prostra-se contrito,
Ao Senhor agradece, o pai da criação!
Poesia hospedada a pedido do autor
Procedência: São Manoel do Paraná, PR
Autor: Emilio Marques da Silva