Vencendo os banhados, vencendo as coxilhas,
Às margens serenas do Rio Uruguai,
Varei os caminhos, andei pelas trilhas,
Da imensa planície que ao longe se vai…
Com o poncho nos ombros, nos pés as chilenas,
Em noites saudosas no rancho da estância,
Ouvi velhas lendas, ouvi cantilenas,
Da rude peonada, cantando à distância…
Qual touro selvagem que, ao meio do ano,
Varrendo as colinas, investe nos Pampas,
Nos campos abertos, eu vi o Minuano,
Cortando as savanas, vibrando suas guampas…
Tentando domar esse touro bravio,
Cortei as colinas do verde rincão,
Cruzei esses pagos sem medo do frio
E, à beira do fogo, tomei chimarrão…
De guasca na mão, juntando a manada,
Montei os mais lindos, fogosos cavalos,
Tocando o berrante, chamando a boiada,
Venci as ladeiras, arroios e valos…
Nasci na fronteira, cresci no relento,
Não tenho riquezas, jamais faço luxo,
Cavalgo sem medo nas asas do vento,
Eu sou do Rio Grande, sou um bravo gaúcho!
Autor: Elizeu Petrelli de Vitor