Comprei meu pedaço de chão,
Às margens do Rio Paraná,
Lá embaixo eu fiz meu galpão,
Levei meus pertences pra lá…
No pasto soltei o alazão
E o pouco de gado que eu tinha,
Lancei a semente no chão,
À espera da chuva que vinha…
E a chuva chegou c’o calor,
Fazendo nascer as sementes,
Fazendo vingar cada flor,
Brotando na terra as nascentes…
E o Rio Paraná foi subindo,
Subindo da noite pro dia…
E eu fui, em suas águas, medindo
A dor que em minh’alma nascia…
E as águas barrentas do rio
Tomaram sem dó minha roça,
Cobrindo, de fio a pavio,
O pasto e até a palhoça…
Morreu o alazão e o meu gado…
E às águas meu pranto eu juntei:
Olhando e não vendo o roçado,
Na enchente a esperança afoguei…
Às margens do Rio Paraná,
Não há um caboclo, não há,
Que ao ver esse rio, essas águas,
Não chore, lembrando suas mágoas!
Autor: Elizeu Petrelli de Vitor