O galo canta,
O sol levanta … Alvorada!
E a canção da passarada
Faz lembrar ao coração
Os matagais da minha infância
Se perdendo na distância …
Muito verde!
Coisa linda de se ver …
E a gente a sentir
O aperto da saudade,
Que viaja pelo tempo
De regresso ao passado !
Mas hoje em dia, tudo é diferente:
Como antigamente,
Nunca mais vai ser !
O João-de-Barro
Constrói hoje o seu teto
Lá no poste de concreto,
Sob o fio de alta tensão !
Já não existe o ingazeiro
Pra dar sombra o ano inteiro …
Que tristeza !
nem a fonte cristalina !
Sem água da mina,
Sem o barro da biquinha,
João-de-Barro e sua casinha
Estão num outro endereço!
Porque hoje em dia, tudo é diferente:
Como antigamente,
Nunca mais vai ser !
Eu ouço apenas
Sinfonias de pardais
E o Inhambu não canta mais
Lá no meio da palhada !
A Juriti e o Passo-Preto
Já não têm o Timburi,
Nem o coqueiro
Para construir seu ninho!
Voando baixinho,
A pombinha mensageira
Viaja uma hora inteira
E não tem onde pousar !
Porque hoje em dia tudo é diferente:
Como antigamente,
Nunca mais vai ser !
O pé de Amora
Já não paga o seu tributo,
Dando às aves o seu fruto,
Que o Sanhaço tanto adora !
Está secando o Genipapo
De beirada da lagoa,
Onde voa
Um casal de Bem-te-Vi !
Um salto daqui
E mais outro salto ali,
Até mesmo o Tiziu
Bateu asas e partiu !
Porque hoje em dia, tudo é diferente:
Como antigamente,
Nunca mais vai ser !
Autor: Elizeu Petrelli de Vitor